A “opacidade social” ilustra políticas comunitárias sombrias e faciosas, que uma vez carecendo de transparência, põem em causa os estruturantes pilares da sociedade.
Esta arbitrariedade, infelizmente bastante comum nos dias que correm, inviabiliza a promoção da solidariedade e isonomia, impedindo assim o prevalecimento da “equidade social” (que representa o reconhecimento e efetivação, dos direitos da população, sem lhes restringir o acesso, nem estigmatizar as diferenças que conformam os diversos segmentos que a compõem).
As razões, essas, são de ordem variada. Poderão enunciar-se heranças coloniais, geradoras de estruturas político-sociais e económicas, profundamente influenciadas por uma estrutura colonial hierárquica, centralizada e discriminatória, onde perdura pouco interesse no processo de distribuição de riqueza e de concessão de direitos políticos; a segregação racial, cimentada por uma forte intolerância, muitas vezes motivada pela visão etnocêntrica de uma maioria em detrimento de uma minoria num mesmo território; a iniquidade de género, onde indivíduos são discriminados pelo fato de serem homem ou mulher, no que toca inicialmente ao acesso à educação, seguindo-se durante o processo educativo e culminando com as discrepâncias em termos de salário; a localização geográfica, que condiciona os acessos a bens e serviços essenciais para a manutenção do exercício comercial, social e educacional.
Cingindo-nos especificamente à educação, poderá ainda mencionar-se a relação entre condição socioeconómica da família e o acesso a condições de permanência da criança na escola (alimentação, material escolar, transporte, uniforme, entre outras); a distância instrucional entre os pais e as crianças (destacando-se aqui o grau de escolaridade das famílias que condiciona linguagem, gostos, interesses e práticas) e ainda as condições de habitabilidade do local em que vive a criança e suas responsabilidades na família.
A notória disparidade social, gerada pelos aspetos anteriormente mencionados, inviabiliza a perduração de uma “equidade social”. Essa opacidade relativamente ao conceito de equidade, é um dos maiores problemas da sociedade e é uma das causas de boa parte dos conflitos entre povos.
A intensificação desse processo, tende a agravar ainda mais os problemas socioeconómicos dos menos favorecidos, na medida em que é promovida uma má distribuição de riqueza (financeira e cultural).
Expandir o acesso à educação, geraria um crescimento económico que ajudaria a quebrar os ciclos de pobreza, contribuindo para a manutenção da equidade e consequentemente reduzindo a disparidade no mundo.